19 de outubro de 2011

Ziraldo


O que a mistura de Zizinha e Geraldo dá?

Ninguém sabe, mas a questão é no que deu, no cartunista, chargista, pintor, caricaturista, escritor, cronista, desenhista e jornalista brasileiro, todos eles reunidos na pessoa de Ziraldo Alves Pinto, ou somente Ziraldo.

Nascido em 24 de outubro de 1932, em Caratinga, viveu com sua família (os pais e sete irmãos) até 1949 onde foi para o Rio de Janeiro viver com o avô.

Em 1957 formou se na Faculdade de Direito de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Casou-se no ano seguinte com Vilma Gontijo.

Desde pequeno se interessava por desenhar e ler. Sua carreira começou na revista Era uma vez..., por meio de colaborações mensais. Em 1954, iniciou no jornal A Folha de Minas, com uma página de humor.

Fez inúmeros trabalhos jornalísticos, além de produzir, como artista gráfico, cartazes para inúmeros filmes do cinema brasileiro. Nos anos 60, seus cartuns e charges políticas eram publicados na revista O Cruzeiro e no Jornal do Brasil. Personagens como Supermãe e Mineirinho ficaram populares. Foi nesta época que lançou a primeira revista brasileira do gênero de quadrinhos feita por um só autor: A Turma do Pererê.

Em 1964, a revista foi encerrada pelo regime militar, e seus personagens só voltaram a ser publicados em 1975 pela Editora Abril.

Durante toda a ditadura, Ziraldo lutou contra a repressão fundando, juntamente com outros humoristas, O Pasquim, um dos principais jornais não-conformistas, que incomodou o regime militar até o fim deste.

Ganhador de vários prêmios e reconhecido internacionalmente, Ziraldo já foi até homenageado no carnaval de 2003 pela escola de samba paulista Nenê de Vila Matilde, com o enredo É melhor ler... O Mundo Colorido de um Maluco Genial.

Em 2004, ganhou com o livro Flicts o prêmio internacional Hans Christian Andersen.

Ziraldo é um gênio, seus livros contem um humor inocente, e sua arte gráfica insere ainda mais o tom infantil e leve. Arte gráfica que também pode ser identificada em logotipos, ilustrações, cartazes do Ministério da Educação, camisetas, entre outros.


O Joelho Juvenal conta a história do joelho de um menino, de sua infância até a vida adulta. Um livro bem interessante sobre o processo de amadurecimento.

"Era uma vez um joelho que se chamava Juvenal.
Juvenal tinha um problema, coitado: vivia todo escalavrado.
Também, quem mandou o Juvenal ser o joelho de um menino levado?
Juvenal queria muito aprender língua de menino só pra dizer assim: “Menino, tem dó de mim!”
Mas, quando o esfolado sarava, Juvenal bem que gostava de correr e de saltar.
E ele se desdobrava e se dobrava outra vez todo alegre, pois sabia que, indo e vindo, fazia o menino feliz."


O Menino Maluquinho conta a história de um menino traquinas, alegria da casa, líder da garotada, amigo de todas as horas, o mais sabido, o mais rápido. O livro é um relato de uma infância feliz. Veja a versão online.



O Bichinho da Maçã foi editado pela primeira vez em 1982. De forma alegre conta a história de um bichinho da maçã que adorava contar casos.



As Aventuras do Bonequinho de Banheiro, que utilizando de uma das mais conhecidas imagens do mundo nos traz a história de vida da mesma.


Existem muitas outras obras de Ziraldo, escritas e ilustradas, apenas ilustradas, são tantas que não cabem listá-las aqui, mas certamente é uma obra que vale a pena conferir!


Sites para visitar:

17 de outubro de 2011

O Salto

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"O que está dentro de mim dispensa e repudia
Os costumes e galas que imitam a agonia."
Hamlet, W. Shakespeare,
trad. de Millôr Fernandes
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Não sonhava mais
Ah que antes conseguia
Nem tentava, era dádiva
Presente de um rancoroso cansaço

Não mais dançava
Nem gritava calado
Sua procissão de silêncios
Não mais baixava olhos

Ouvia, de fato
E fazia soar as teclas
E traçava firmes as retas
Com o impulso do vento passado

Qual brasa que 'inda aquece
Mesmo o fogo tendo partido
Calava ainda multidões
De olhares mal dormidos

Brincadeira, ah joguete!
Um lance oportunista
De dedos exangues
Já sepultados em velhas páginas:

Eis que surgem olhos
O primeiro par deles na plateia
Quando já sumiam as luzes
E o sorriso já quase terminava

E voz, que chama e aprecia
Palavras sutis,
Suaves gestos leves
Em novas acrobacias

Tornou a dançar
E, já habilidoso, bailar
Pelo palco iluminado
Seu peito finalmente batia

Pontuando, aqui e ali,
Um menor, um diminuto
Por fim um pentatônico
Passo com os pés frios

Acendeu sua luz
Encarou a noite, pois valia
Encarou o tempo, ah, que valia
Pular o salto fatal da alegria

E fatal, bem... o foi
Sonhou seu poslúdio
Olhos brilharam, quimera!

Chegou-lhe o chão
Findou-se o sonho
Mas havia, ele, então sonhado?



Escrito no Circo, em 09/10/2011, às 3:50h.

Ouvindo a Valsa opus 64 nº 2,
de Frédéric Chopin

Imagem: estudo para uma provável
nova "capa" do Sonata Escarlate.

5 de outubro de 2011

A Invenção de Hugo Cabret

O livro conta a história do órfão Hugo Cabret, que vive em uma estação de trem na França no início do século XXI, onde cuida da manutenção dos relógios do lugar. Hugo possui um segredo, e este segredo lhe consome, porém sua vida muda ao ser pego roubando da loja de brinquedos da estação, onde o idoso dono do lugar e sua sobrinha aos poucos descobrem a verdade sobre o menino, e este aos poucos descobre que o seu segredo é bem maior e mais profundo.

O enredo do livro nos apresenta um pouco da origem do cinema, trazendo as emoções das primeiras apresentações de filmes ao grande público, a sensação de novidade, o medo, e principalmente toda a magia contida.

Lembrando um pouco de Will Eisner, o livro mescla ilustrações com texto, onde o autor tenta impregnar seu livro com um ar cinematográfico. Com ilustrações bem feitos, cenários bem construídos por meio do desenho, o autor não perde tempo descrevendo nada, concentra-se somente na história. Existem partes puramente visuais, e os efeitos de edição, os desenhos, além das sombras e enquadramentos, conferem uma atmosfera de suspense e perseguição como em um cinema.

O livro já foi adaptado para os cinemas sob a direção de Martin Scorsese ("Ilha do Medo"), e conta no elenco com: Asa Butterfield, Chloe Moretz, Jude Law, Helen McCrory, Ben Kingsley, Emily Mortimer, Christopher Lee, Sacha Baron Cohen, Ray Winstone. Deve estrear nos cinemas em 2012.

Um livro que vale a pena ler, uma leitura fácil, rápida (ainda que ele tenha 500 páginas), e leve. Vale a pena conferir o site do livro!