21 de abril de 2010

Type O Negative



Type O Negative é uma banda que surgiu em 1990, sendo uma idealização de Peter Steele, que em um primeiro momento formou a banda Carnivore, lançando dois álbuns, o primeiro homônimo e o segundo intitulado "Retaliation".
Com o fim desta banda, Peter abandona o meio musical e começa a procurar outros músicos. Assim, no ano de 1990, a banda já com o nome e formação já conhecida (Peter Steele, Sal Abruscato, Kenny Hickey e Josh Silver) prepara o álbum de estreia.

"Slow, Deep and Hard" é o primeiro álbum da banda, que foi bem recebido pela crítica e pelo público. 
Outros álbuns vieram que levaram a banda a consolidar seu sucesso. A sonoridade não se define e nem enquadra em um estilo, a banda faz suas músicas, seu som de forma extremamente sincera e livre. Em cada álbum pode se observar os demônios e fantasias da banda, e principalmente de Peter Steele, moldados em uma atmosfera verde e preta.
















* Este post é uma pequena homenagem a Peter Steele, vocalista do Type O' Negative que morreu aos 48 anos de causas não divulgadas (reportagem).


Fonte: Uploads by Elegia em Canto

16 de abril de 2010

Chopin e Schumann: poetas do piano!

Conta a história que Frédéric Chopin e Robert Schumann não eram lá grandes amigos. Não que Schumann não tivesse tentado estreitar os laços de amizade, longe disso. Ele, inclusive, foi um dos principais responsáveis por tornar Chopin conhecido em toda a Alemanha, ao enaltecer o seu talento em artigo para um jornal musical. O fato é que os elogios não eram correspondidos e, assim, Chopin nunca foi um grande entusiasta das composições de Schumann. Essa é apenas uma das curiosidades que cercam a vida desses dois expoentes da música clássica, nascidos há 200 anos e símbolos do Romantismo do século 19. Chopin era polonês – embora tenha vivido em Paris desde os 20 anos – e veio ao mundo em 1º de março de 1810. Schumann nasceu em 8 de junho na cidade alemã de Zwickau. Chopin era um menino prodígio e já compunha aos 7 anos. Schumann dedicou-se à música a partir da segunda década de vida, quando já era um talento também na poesia. Chopin tinha tuberculose desde a adolescência, embora um estudo de 2008 garanta que, na verdade, tratava-se de fibrose cística. Schumann abusou dos charutos e das bebidas. Em comum, os dois foram geniais intensos.

Dois séculos depois, a consistência de suas obras continua impressionando, como atesta o pianista e professor Dr. Eduardo Monteiro, do Departamento de Música da Universidade de São Paulo (USP). “Eles são poetas do piano e o maior legado que deixaram é a obra extremamente rica. Chopin é centrado no piano e toca na sinceridade das pessoas. Schumann é pouco mais eclético com obras que envolvem outros instrumentos.” Quem também é apaixonada por Chopin é a talentosa e jovem pianista brasileira Juliana D’Agostini, que acaba de lançar o elogiado álbum Chopin/Liszt. “Para o meu primeiro álbum, pensei em peças relativamente conhecidas e que mostrassem tanto expressividade quanto técnica. É um repertório que mostra refinamento, elegância, e Chopin é isso. Ele sempre mostrou muita maturidade e a música dele é fácil de ser entendida pelo público leigo”, ressalta.
AMOR, SEMPRE AMOR
Românticos, o amor é um capítulo à parte na história dos dois pianistas. Chopin ligou-se aos 26 anos com a baronesa Dudevant, famosa escritora conhecida pelo pseudônimo masculino de George Sand e que escandalizava a sociedade com trajes masculinos e inúmeros amantes, incluindo a atriz Marie Dorval, como relatam algumas biografias. Turbulento, o romance durou dez anos. Durante esse período, Chopin compôs algumas de suas mais brilhantes obras, como a Op. 53: Polonesa "heróica", Op. 35: Piano sonata em Si bemol menor, os prelúdios, entre outras. Mas, se tratando de Chopin, o mundo moderno se rendeu definitivamente aos seus Noturnos, em especial ao Op. 9 N.º 2. O conflito amoroso não é diferente na vida de Schumann. Em 1840, ele se casou com a jovem pianista Clara Wieck, com quem teve oito filhos e uma relação difícil. Nesse período, o alemão compôs inúmeras peças, como Arabesco em Dó maior, Op. 18, Kreisleriana – Fantasia para piano e Orquestra em Lá menor, Op. 54. Intensos na vida. Trágicos na morte. Chopin, com o pulmão devastado, foi vencido pela doença em outubro de 1849, aos 39 anos. Schumann viveu sete anos a mais, mas tentou suicídio, perturbado por uma séria inflamação do ouvido e dizia ouvir a nota Lá em todos os lugares. Depressivo, morreu em um asilo para doentes mentais em junho de 1856, aos 46 anos.

Hoje, em tempos de muito pop/funk/electro, não é preciso análise profunda para mergulhar no rico universo de Chopin e Schumann. Um simples play em seu aparelho de som é capaz de levá-lo a uma viagem inesquecível pelo tempo. Experimente!

Matéria publicada na Revista da Cultura, edição de abril de 2010.

Abaixo, dois vídeos do pianista Vladimir Horowitz, executando o Noturno Op. 72 no. 1 de Chopin (primeiro) e as Cenas Infantis (Kinderszenen) de Schumann.





Curiosidades:
- O Noturno op. 72 no. 1 é uma das oito obras de Chopin descobertas após a sua morte, e por isso declaradas "obras póstumas".
- Era desejo de Chopin que fosse enterrado sem seu coração, por medo de ser enterrado vivo. Assim, seu coração permanece até hoje lacrado dentro de um pilar da Igreja da Santa Cruz (Kościół Świętego Krzyża) em Krakowskie Przedmieście, debaixo de uma inscrição do Evangelho de Mateus, 6:21: "onde seu tesouro está, estará também seu coração". Curiosamente, foi salvo da destruição de Varsóvia pelos nazis, em 1944, pelo general das SS, Erich von dem Bach-Zelewski. (Fonte: Wikipedia)

15 de abril de 2010

Interpretando Alice

Quando Lewis Carroll – pseudônimo de Charles Lutwidge Dodgson – presenteou Alice Pleasance Liddell, uma garotinha de 11 anos, com seu manuscrito de Alice no País das Maravilhas, ele não imaginava que esta seria uma das obras mais adaptadas do mundo. No livro de 1865, o escritor britânico idealizou um universo de duplos sentidos que se divide entre o lúdico infantil e um dos melhores registros em inglês vitoriano.

Carroll se tornou referência em literatura nonsense com seus complexos enigmas de lógica e poemas emaranhados a um mundo delirante. “Em uma época em que vigorava um texto moralista, muitas vezes com cunho religioso, criar uma história imaginativa na qual não existe bem e mal foi bastante inovador”, comenta Adriana Peliano, presidente da Sociedade Brasileira Lewis Carroll (SBLC).
Existem associações focadas em disseminar o livro nos Estados Unidos, Inglaterra, Austrália, Japão e Canadá. Aqui no Brasil, a SBLC foi fundada em 2009 e organiza eventos com frequência. Grupos de estudiosos, artistas e leitores apaixonados colecionam edições raras, publicam dissertações e estão sempre tentando interpretar os densos textos da obra. “A história abre portas de compreensão do mundo e sempre se mostra diferente. As explicações são infinitas, por isso há tantas pessoas interessadas em explorá-la”, diz Adriana.

Um deles é o excêntrico diretor Tim Burton, com a nova versão do livro para o cinema. O filme 3D de Burton ganhou distorções bizarras, personagens pra lá de caricatos, além de um novo roteiro: Alice cresceu e está com 19 anos. Desconcertada por um pedido de casamento repentino, foge atrás de uma resposta e acaba caindo no conhecido buraco que a leva para o mundo subterrâneo. Burton deu a Alice ar feminista, com espírito livre e contra os costumes rígidos da Inglaterra vitoriana.
Myriam Ávila, professora de teoria da literatura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreveu seu mestrado baseado em Carroll. “Seria apenas sobre o autor, mas, ao ler Macunaíma, comecei a notar semelhanças entre Alice e ele. Então, resolvi explorar o assunto.” O resultado foi uma tese ousada e criativa. Myriam percebeu que o “herói sem caráter” tinha uma queda pelo estrangeiro. Assim como Alice, que transparece sua vontade de explorar mundos distintos. Ambos poderiam sentir interesse um pelo outro.

Loucura? Nem tanto. Afinal, o grande trunfo de Alice é justamente estimular o pensamento por meio de um diálogo não literal, no qual os símbolos, as figuras de linguagem e as metáforas usadas permitem que o leitor construa uma relação entre a fantasia e a realidade e que não queira mais sair desse lúdico universo.

Matéria publicada na Revista da Cultura, edição de abril de 2010.

Silente Duelo

Na calçada, banhada pela noite
Ela espera o descanso, viagem
E talvez um acordar tímido
Para mais um dia esgotado

Tentou ela andar
E se arriscar mesmo a correr
E largou todo o peso
Por uma talvez vitória

Mas ah que nada se vence!
O cansaço cobra seu preço
E ela parou, força alheia,
Queria ainda correr – e não pode?

Seu corpo já não quer
Não agora, nesse momento
Talvez depois, se outro quiser
Um não-querer cinza e ácido
Mas não agora, não agora

Ela vê a noite, e tantas noites!
Tantos passos, jornada
Para, agora parada, desistir?

Pois “não!” e ela tenta
Força os pés, e salta
Dá um passo, tropeço
Eis, o cansaço cobra seu preço

É outro corpo?
Ah, por certo que lhe roubaram
Raptaram seu antigo corpo
E deram-lhe um tal, postiço

Ela não vê, ah não vê
Mesmo corpo, cicatrizes
Apenas uma breve mudança
E ela já não anda mais

E na calçada, ela espera
Pelo momento, tão-dito momento!
Surgirá um outro, perfeito
Ou o mesmo, renovado?

E se o momento não surgir?
E se de fato ela devesse fugir
E sair desses pés que mudaram
Até quando, para onde, esperar?

E uma noite, outra, e mais uma
O que há de mal em andar?
Por que não correr?

Em uma fria calçada
Sob o abraço quente do luar
Ela espera o vazio, e esquecer
Afinal, agora, por que esperar?
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Escrito no Jardim, em 14/04/2010.
Ouvindo Fade to Black (Metallica),
pela versão da banda Apocalyptica.
Imagem: 7th Forest, por Senyphine.

A alguém que soube tentar. A Jackeline.

5 de abril de 2010

A poetisa atrás do véu...

Uma poeta saudita que faz versos criticando clérigos islâmicos extremistas se tornou favorita para vencer um popular e milionário concurso de poesia em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
Vestindo o niqab, tradicional véu islâmico que deixa apenas os olhos da mulher à mostra, Hissa Hilal recitou seu poema de 15 versos "O Caos das Fatwas", no concurso Poeta Milionário (em tradução livre), transmitido pela televisão estatal.
O poema, que faz uma crítica à influência do fundamentalismo e das fatwas - pronunciamento legal emitido por um especialista em lei islâmica quando existem dúvidas sobre como proceder em determinadas situação - na sociedade árabe, recebeu elogios do público e dos juízes.
O vencedor do concurso, que ganhará o prêmio equivalente a US$ 1,3 milhão (cerca de R$ 2,3 milhões), será anunciado na próxima semana.
Ameaças
Em entrevista ao Serviço Mundial de Rádio da BBC, Hissa Hilal dise que recebeu ameaças de morte pela internet, mas que um número maior de pessoas havia demonstrado apoio à sua iniciativa.
"A maioria das pessoas amou o que eu disse. Eles acham que sou muito corajosa de dizer o que digo. Mas também há muitos que me atacam e que dizem que sou uma má mulher e que quero que todas as mulheres sejam como eu", afirmou Hilal.
A poeta explicou que decidiu escrever o poema ao notar que "a sociedade árabe está cada vez mais fechada em si mesma e não como era antes, quando todos eram bem-vindos e mesmo um estranho se sentia aceito pela sociedade".
"Hoje em dia mesmo se você quer ser bom com as outras pessoas tem que perguntar antes se é permitido ou não falar com estrangeiros. Eu culpo aqueles que guiaram as pessoas nesta direção", disse Hilal.

A notícia é da BBC Brasil, publicada em 25 de março de 2010.

É realmente maravilhoso ver que mesmo na escuridão do fundamentalismo islâmico, pode surgir poesia. E mais: uma poetisa, uma mulher, numa cultura profundamente e radicalmente machista!

Como o escritor Franz Kafka disse certa vez, o poeta "tem uma tarefa profética". As pessoas podem até tentar acabar com a sensibilidade. Mas ela, a poesia, nunca morre.

Fonte da notícia: BBC Brasil