10 de fevereiro de 2012

Carpe Diem

Eu não quero o dia
Não quero as massas
As lotações e os enxames
Eu não quero o barulho
O vaivém e a buzina
Não quero motores
Não desejo os outdoors
Letreiros óbvios protuberantes
Eu não quero a luz
Branca fria sobre a mesa
Não quero o sol
Direto do asfalto quente

Eu não comerei
A ganância nossa de cada dia
Não conversarei
A idiotice óbvia da rotina
Hei de não erguer
O copo cheio de palavras
Hei de não dormir
O descanso cego do escravo

Eu desejo o fim
Num adagio sensível
Quero a lentidão
Do toque sem palavras
Eu quero a concordância
Em silenciar a vida
Para viver como nunca mais



Escrito no Circo, em 08/02/2012, às 00:30h.

No silêncio.

Imagem: Lost,
by Hengki Koentjoro.

3 comentários:

  1. Pelo conteúdo, algo bastante árcade, desde o título até a conclusão do poema. Gostei especialmente deste, acho por ser algo mais simples, algo mais próximo da poesia do cotidiano, que é algo que venho procurando fazer. Entretanto, não é nem preciso dizer que em momento algum você abandonou a sua essência, se me permite dizer, um tanto que trágica, sempre com elementos da Música que você tanto ama. Tenha esse poema me tocado mais ainda porque eu sabia das circunstâncias em que você o escreveu.

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  2. E como ter o "toque sem palavras"? A gente encontra? E como ter, sem ser permitido ter?
    Eu espero um dia me livrar das lotações, das massas, dos enxames e das conversas óbvias da rotina. E quero ter, mil "toques sem palavras" e as "concordâncias em silenciar a vida para viver como nunca mais".

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  3. Gostei. Faz agente refletir sobre a rotina, e querer mudar... Muito legal!

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