Meus olhos ardem
Meus dedos não congelam, nem queimam
A ave pálida do Nada pousa
Em ombros que já não a sentem
Meus olhos ardem
E o tempo só esbarra no corpo
No rosto seco que já chorou
Que se fecha num poslúdio sem sabor
Meus olhos queimam
E carícias já não bastam
Notas leves os ouvidos não querem
Eu quero o sforzando de um presto final
Meus olhos queimam
E o corpo pede alimento, negado
Os braços querem calor, negado
O abismo me fita mais uma vez
Meus olhos falham
E a maldita névoa renasce
Com um riso de hiena
E garras - letras indistinguíveis
Meus olhos falham
E a pele pede perfumes
E o pescoço pede teu toque
De puro gelo, delicioso azul
Meus olhos erram
Aquela linda sombra a voar
É reflexo, refração de uma tolice
Idiotice pura de um louco
Meus olhos erram
E as cores dizem adeus
Não brincam em minhas retinas
Em meus salões, agora dançam
Meus olhos pedem
Uma voz, uma cadência menor
Uma diminuta cravejada de dissonantes
E dedos dançantes, ballet sem som
Meus olhos pedem
O que já não posso criar
Meus dedos mortos levantam
Para apenas manchar o papel
Meus olhos gritam
A agonia delicada do incolor
A fuga desesperada no silêncio
O staccato do toque, inerte
Meus olhos gritam
A noite os abraça - escuro
Meu lar, à negra luz,
Multicolorido Vazio dos sons.
_____________________________________________
Escrito em 21/09/2009.
Ouvindo Sonata ao Luar, Adagio Sustenuto - L. v. Beethoven
Meus dedos não congelam, nem queimam
A ave pálida do Nada pousa
Em ombros que já não a sentem
Meus olhos ardem
E o tempo só esbarra no corpo
No rosto seco que já chorou
Que se fecha num poslúdio sem sabor
Meus olhos queimam
E carícias já não bastam
Notas leves os ouvidos não querem
Eu quero o sforzando de um presto final
Meus olhos queimam
E o corpo pede alimento, negado
Os braços querem calor, negado
O abismo me fita mais uma vez
Meus olhos falham
E a maldita névoa renasce
Com um riso de hiena
E garras - letras indistinguíveis
Meus olhos falham
E a pele pede perfumes
E o pescoço pede teu toque
De puro gelo, delicioso azul
Meus olhos erram
Aquela linda sombra a voar
É reflexo, refração de uma tolice
Idiotice pura de um louco
Meus olhos erram
E as cores dizem adeus
Não brincam em minhas retinas
Em meus salões, agora dançam
Meus olhos pedem
Uma voz, uma cadência menor
Uma diminuta cravejada de dissonantes
E dedos dançantes, ballet sem som
Meus olhos pedem
O que já não posso criar
Meus dedos mortos levantam
Para apenas manchar o papel
Meus olhos gritam
A agonia delicada do incolor
A fuga desesperada no silêncio
O staccato do toque, inerte
Meus olhos gritam
A noite os abraça - escuro
Meu lar, à negra luz,
Multicolorido Vazio dos sons.
_____________________________________________
Escrito em 21/09/2009.
Ouvindo Sonata ao Luar, Adagio Sustenuto - L. v. Beethoven
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Pense...