Livros de vampiros que alcançam relativo sucesso hoje em dia possuem uma característica estranha... São romances água com açúcar.
Agora é moda, histórias melosas com vampiros, é legal, mas não é só disso que o universo vamp vive...
Ele é extenso e complexo, mas principalmente ele conta a história da humanidade. Nos mostra as nossas crenças, e aquilo que acreditamos é o que somos.
O mais famoso vampiro é Drácula, e dele temos uma infinidade de histórias cinematográficas, em contos, livros, games... Mas Drácula existiu, ele foi um personagem da história real (se é que podemos distinguir real da fantasia), e Elizabeth Kostova no seu livro "O Historiador" soube pegar está parte histórica e nos mostrar que o pior do Vampiro Drácula é que ele foi real (ou ainda é!! rsrs).
Uma leitura incrivel!!!
Entrevista com a Autora retirada do site portal livros:
A autora, Elizabeth Kostova, falou deste livro e do seu fascínio por Drácula/Vlad.
Como define o seu romance “O Historiador”? Há uma relação pai-filha, História, viagens, suspense, o mito de Drácula…
Como define o seu romance “O Historiador”? Há uma relação pai-filha, História, viagens, suspense, o mito de Drácula…
Dá-me imensa satisfação reconhecer que até eu tenho muita dificuldade em colocar o meu romance numa única categoria. É literário, histórico, gótico, um mistério, um livro de viagens, uma história familiar, uma história de amor e uma meditação sobre o Bem e o Mal.
É uma história de aventuras sem um herói típico deste género. Pretendeu fazer um tributo aos livros e aos seus admiradores?
É isso mesmo. Eu queria que os heróis e heroínas do meu romance fossem leitores, professores e intelectuais.
O mundo das bibliotecas é o seu mundo ou apenas um “personagem” como qualquer outro?
Eu adoro bibliotecas. Não só os seus livros, mas também os sons e os cheiros de uma biblioteca, o odor de livros velhos, a forma como uma boa biblioteca guarda algo de toda a História do mundo.
Porque optou por escrever sobre Drácula ou Vlad, o Empalador? Para contar, à sua maneira, a história “deles” ou, ao mesmo tempo, para aprender algo sobre “eles”?
Ao escrever sobre os dois Dráculas e ao ligar as suas lendas na ficção quis criar a oportunidade de eu própria fazer muita pesquisa histórica. Também estava fascinada pelo desafio literário de tentar tornar uma figura literária conhecida num ser fresco e vivo.
E qual a razão para optar por colocar a Europa de Leste no centro do argumento? É uma região desconhecida, com histórias tradições e culturas desconhecidas, que quer revelar aos seus leitores?
Coloquei a Europa de Leste no centro da demanda dos meus historiadores porque passei muito tempo naquela região e sempre gostei das suas paisagens, e porque a história da região é bastante complexa e misteriosa para nós, ocidentais.
Precisou de fazer muitas pesquisas e investigação? Que tipo de investigação teve de fazer para poder escrever o romance?
Tive de fazer muitas pesquisas para poder escrever o romance e tentei recorrer a fontes o mais diversificadas possível, de modo a trazer para a realidade as cenas do livro: li histórias tradicionais, mas também memórias de viagens, cartas antigas e jornais; observei fotos antigas e mapas e vi filmes relativos a época, ouvi música e entrevistei habitantes de longa data das regiões sobre as quais escrevi. Foi um processo maravilhoso.
Em “O Historiador” encontramos mais realidade ou ficção?
“O Historiador” tem bastante ficção, mas uma ficção cuidadosamente baseada em factos reais. A história de Vlad Drácula do século XV são factos históricos – tanto quanto sabemos – desde o mistério da sua sepultura, e a partir daí inventei um conto sobre o que poderia ter acontecido aos seus restos mortais (mas não aconteceu). As histórias do século XX são ficção mas todos os cenários e background histórico foram cuidadosamente investigados.
O seu pai contou-lhe histórias como as que são relatadas nesta obra?
Quando era pequena o meu pai contava-me histórias do Drácula enquanto viajávamos pela Europa de Leste com a família, mas eram histórias baseadas no estilo de Bram Stoker, que tinham sido utilizadas nos filmes da sua infância. Essas histórias eram assustadoras de uma forma agradável, e não a verdadeira e sombria história de Drácula que utilizei no meu livro. O que mais me inspirou foi o ambiente de uma filha a ouvir o pai contar histórias de Drácula nas belas paisagens históricas da Europa e da Europa de Leste.
As tradições orais são muito importantes no seu romance – também foram importantes como fonte de informação para a sua escrita?
As tradições orais e a história contada de forma oral sempre tiveram muito significado para mim, assim como os registos escritos sobre esses temas.
É possível constatar que tem uma grande paixão por livros antigos. É capaz de imaginar “O Historiador” enquanto livro antigo, sendo descoberto e analisado em bibliotecas por investigadores?
Que bela ideia! Na verdade nunca tinha pensado nisso.
Acha que Bram Stoker poderia gostar de ler “O Historiador”?
Espero que sim. O livro tem muitas homenagens ao seu romance, especialmente a nível de forma – uma história contada através de cartas e outros documentos.
Tem algum interesse particular em histórias de vampiros?
Nunca me interessou a maioria das histórias de vampiros, exceptuando as de Bram Stoker, mas o folclore e as lendas à sua volta sempre me fascinaram.
Quando escreveu “O Historiador” era capaz de imaginar o sucesso que ele viria a alcançar?
Nunca pensei que tivesse o sucesso que está a ter – ainda me surpreende. Escrevi “O Historiador” quase de forma privada, de uma modo obsessivo, apenas para meu prazer pessoal, e nunca pensei que pudesse ser possível vendê-lo a uma editora porque para isso é preciso conjugar uma complexa combinação de factores. Estou estupefacta por os leitores, aparentemente, estarem a gostar tanto da obra.
O sucesso de thrillers históricos deve-se ao êxito de “O Código Da Vinci” ou o romance de Dan Brown é “apenas” mais um entre tantos outros?
“O Código Da Vinci” alargou de forma notória o público de romances históricos policiais. No entanto, acima de tudo, o que conta é a qualidade da literatura, não o número de exemplares que vende.
É mais difícil escrever uma obra de estreia ou um segundo romance depois do inicial ter obtido tanto sucesso?
Acho que é mais difícil escrever o segundo, mas principalmente porque se fica tão ocupada a viajar por causo do primeiro!
Podemos aspirar a ver Portugal integrar um dos seus futuros projectos literários?
Adorei estar em Portugal e mesmo o pouco tempo que aqui passei levou a que quisesse aprender mais sobre a sua História, que é muito, muito interessante. Não ficaria surpreendida se Portugal aparecesse no meu trabalho.
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