16 de março de 2012

De um anacronismo espacial

Céus, eu lhes peço
Apaguem a luz
Ou ao menos desfoquem
Em tons de inverno e chuva

Meu peito já não aguenta
A força de algumas palavras
Não se formam
E me restam apenas repetições

Reflexos, ponteiros, flores, cores e tons
Reinvenção do inevitável
Eco do mesmo sangue
Vertendo por saídas diferentes

Meus olhos pendem cansados

Silêncio, sem supor
Sem miragens ou oásis
Apenas quieto e só

Desejo que entorna
Das bordas turvas da dúvida
Mulher que ri
Doce mel a cair do favo
No mesmo clichê de fatale

Meu corpo cede, em cacos,
À sepultura comum do sono
Um belo verso, e nada mais.




Escrito em um bloco de papel, em 15/03/2012,
por volta das 12:30h.

Ouvindo pássaros, conversas e o trânsito,
sob um sol escaldante.

Imagem: Faith,
by Hengki Koentjoro.

3 comentários:

  1. Gostei muito das duas primeiras estrofes, principalmente a segunda. Me identifiquei. Também a procura desse novo eu... Será que o papel identificará?

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  2. Mais uma vez, o cansaço da rotina é um tormento. Mas entre uma ou outra tentativa de suicídio, sempre surge uma feliz surpresa, mesmo que ínfima. E estou gostando muito dessa nova fase do eu lírico, por assim dizer.

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  3. Tayenne Cruz...
    Como havia prometido eu li...
    E gostei muito, principalmente desta parte:"Silêncio, sem supor
    Sem miragens ou oásis
    Apenas quieto e só"
    Toque de Neto... Adorei =)

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