Olha lá o menino!
O mesmo, lá vai!
Desejou voar, e saltou
Mas sem asas, ficou no chão
Achou-se Ícaro
Era por demais humano
Quis pintar o rosto
De (hoje) cálida lembrança
Falhou a cor
Aprendiz do aprendiz
O menino-mesmo arfou
Correndo, explodindo, urrando
Viu-se livre.
Gabou-se,
De sua intrincada prisão
E, como fermento não erra,
Sentiu borbulhar o negrume
Adocicado temperado
Do grisalho enlouquecedor
O menino-mesmo mudou
Mudou-se, "renasceu"
Em círculos
Defendeu os céus,
Qual cavaleiro da Santa Ordem!
E entreviu, pela armadura de platina,
O cavalo de pau que cavalgava
Lutou pelo verdadeiro tom
Soando consonante feito pedra
Afirmou-se novo
– de joelhos para o velho mundo
Estirou o indicador feito lança
Imperador da sacra justiça
– caiu
Ladrão torpe
Cor imunda
O menino-mesmo amou.
– ah, se amou!
Amante tão desejável esta:
O reflexo de sua própria ambição.
Que o mesmo não ama,
O menino não pinta,
O símile não canta, nem dança.
O menino-mesmo amou.
E mais? Algo mais,
Mea culpa desinteressado?
Mais outra revelação
Obviedades mais?
O menino-mesmo, lá vai!
Quis ser sincero
E, ao querer, mentiu.
O mesmo, lá vai!
Desejou voar, e saltou
Mas sem asas, ficou no chão
Achou-se Ícaro
Era por demais humano
Quis pintar o rosto
De (hoje) cálida lembrança
Falhou a cor
Aprendiz do aprendiz
O menino-mesmo arfou
Correndo, explodindo, urrando
Viu-se livre.
Gabou-se,
De sua intrincada prisão
E, como fermento não erra,
Sentiu borbulhar o negrume
Adocicado temperado
Do grisalho enlouquecedor
O menino-mesmo mudou
Mudou-se, "renasceu"
Em círculos
Defendeu os céus,
Qual cavaleiro da Santa Ordem!
E entreviu, pela armadura de platina,
O cavalo de pau que cavalgava
Lutou pelo verdadeiro tom
Soando consonante feito pedra
Afirmou-se novo
– de joelhos para o velho mundo
Estirou o indicador feito lança
Imperador da sacra justiça
– caiu
Ladrão torpe
Cor imunda
O menino-mesmo amou.
– ah, se amou!
Amante tão desejável esta:
O reflexo de sua própria ambição.
Que o mesmo não ama,
O menino não pinta,
O símile não canta, nem dança.
O menino-mesmo amou.
E mais? Algo mais,
Mea culpa desinteressado?
Mais outra revelação
Obviedades mais?
O menino-mesmo, lá vai!
Quis ser sincero
E, ao querer, mentiu.
Escrito em 24 de dezembro de 2012,
às 19:20h.
No empoeirado Circo.
Imagem: Espelho Mágico,
by M. C. Escher.
É ser singelo demais querer opinar sobre o poema com somente uma interjeição: "UAU!"?
ResponderExcluirVocê, como sempre, com o costume de escrever muitas estrofes de quatro versos. Já é uma assinatura sua. O ritmo acelerado, com diálogos intercruzados é fascinante. E as rimas (poucas), intercaladas ou alternadas, nem um pouco cansativas.
Eu diria que você é um Modernista, no que diz respeito a métrica e construção, mas um típico Romântico ou até um pouco Barroco quando analisado o conteúdo.
Bem, é difícil tentar manter-se imparcial numa crítica, quando a obra realmente nos comove. O menino-mesmo tem muito de mim, e vai ser um desses poemas que levo comigo sempre.
Muito bom, Neto!
Ah sim! Mais uma observação: você tem um ótimo gosto para imagens! Mas sou muito suspeito para falar, eu realmente adoro Escher.
ResponderExcluirEscolhi essa imagem porque traduz o conceito do poema: andar em círculos, pensando haver mudança, quando nada muda de fato...
ExcluirObrigado pela crítica, e pela leitura, Marcus Vinícius!