28 de novembro de 2010

Moça com Brinco de Pérola


    Johannes Vermeer foi um pintor holandês que viveu entre 1632-1675, conhecido como Vermeer de Delft ou Johannes van der Meer.
      Vermeer é um importante representante da pintura holandesa do séc. XVII, estando apenas atrás de Rembrandt. Ficou conhecido por suas composições inteligentes, e pelo brilhante uso da luz.
      Pintou diversos quadros, entre eles Moça com Brinco de Pérola, que para alguns é classificado como a "Mona Lisa Holandesa". Da mesma forma que a pintura italiana, muito se especula sobre a modelo que Vermeer utilizou, contudo não existem registros sobre a origem da mesma.
     Em 1999, a escritora Tracy Chevalier publicou um romance, no qual utiliza do mistério que envolve a origem do quadro e de sua modelo, que encanta pela beleza expressiva e olhar intrigante. 
     O romance é muito bem escrito, onde chama a atenção o romantismo e a praticidade na relação de Vermeer e Griet, jovem camponesa que vai trabalhar na casa do pintor, devido a dificuldades financeiras de sua família. Dentre suas funções está a de limpar e arrumar o estúdio, onde Vermeer passa a maior parte de seu tempo, trabalhando e refugiando-se de sua família caótica.       
       Aos poucos Vermeer e Griet se aproximam, ela possui um olhar crítico natural, entendendo o pintor, que passa a ensiná-la a preparar e misturar tintas. Essa relação causa ciúme do resto da família e a inveja dos outros serviçais. 
      O romance consegue criar uma fantasia tão forte, que em determinados pontos te faz duvidar se não foi real, deixando de ser uma mera possibilidade.




          Baseado no livro de Chevalier, Olívia Hetreed criou o roteiro de Moça com Brinco de Pérola, com direção de Peter Webber.
         Scarlett Johansson interpreta a jovem Griet e Colin Firth que vive o papel de Vermeer, ambos atuando de forma simplesmente hipnotizante. A interpretação expressiva e silenciosa dos dois atores, nos apresenta a sensualidade e a tensão sexual que existia entre o pintor e a serviçal, no entanto com uma sutileza e de forma tão delicada, quanto o processo de pintura.
         A semelhança de Scarlett Johansson e a modelo que posou para o pintor é tão grande, que ainda que ela não tenha sido a primeira opção, acabou por ganhar o papel.

         
            O filme tem 3 indicações ao Oscar (Fotografia, Direção de Arte e Figurino) e 2 indicações ao Globo de Ouro (Atriz - Drama e Trilha Sonora), um filme e um livro que valem muito a pena conferir!!

13 de novembro de 2010

Na Natureza Selvagem

                O acaso pode nos conceder grandes surpresas, e ele me deu a chance de "zapear" nos canais enfadonhos um filme maravilhoso... 


              O filme é baseado no livro de mesmo nome, escrito por Jon Krakauer em 1997, que conta a história de vida de Christopher Johnson McCandless. Filho de um engenheiro da NASA, nascido em 1968 no estado da Virginia, EUA. Christopher se destacava na escola por sua habilidade atlética e seu isolamento que culminou em um crescente descontentamento com a situação social nos EUA.
            Em 1990, inspirado pelos trabalhos de escritores como Jack London, Leon Tolstoi e Henry David Thoreau, largou tudo após concluir a universidade, doou suas economias para a caridade e se tornou um andarilho, sob a alcunha de Alexander Supertramp ("Super Vagabundo"). 
             Escrito e dirigido por Sean Penn o filme também conta com a impressionante atuação de Emile Hirsch, que atuou em filmes como "Show de Vizinha".
           O filme impressiona pela maturidade clara do diretor, e pela escolha dos atores que interpretaram magistralmente seus papéis, além de uma trilha sonora feita sob medida por Eddie Vedder.
             Uma belíssima história de vida, que nos traz uma profunda reflexão sobre os valores da sociedade, e nossos papéis dentro dela. Ouso dizer que o filme na Natureza Selvagem, não é fuga (e vivência) de seu protagonista para a natureza, mas sua análise profunda da natureza, geralmente, selvagem de todo ser humano...





9 de novembro de 2010

A vitória nossa de cada dia

           "Mas olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas, coisas e coisas por não nos termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada. Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas. Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos. Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: 'tens medo'. Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda. Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saberem como é a outra coisa. Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe.
          Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer 'pelo menos não fui tolo' e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos se estivéssemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia."

Clarice Lispector
Do livro "Uma Aprendizagem ou Pequeno Livro dos Prazeres".


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Em homenagem a Francisco Siriaco, uma flor de lótus em um pântano.

8 de novembro de 2010

L'ham de Foc


            L'ham de foc é um grupo formado por músicos valencianos, formada em 1998. A temática recorrente nas músicas é a medieval, com influências mediterrâneas e do Oriente Médio. No entanto, o toque único da banda é cantar suas músicas em catalão, acompanhada com a bela voz de Mara Aranda.
         Outro toque único da banda é utilização de vários instrumentos: gaita galega, búlgara, dolçaina, didgeridoo, clarinete, aerofones aparentados com a bombarda bretã e o duduk armênio. Em instrumentos de percussão, podemos apreciar: darbuca, bendir, pandeireta, menuda, tamborina de cordas e tablas.
            L'Ham de Foc é um grupo completo, liderados por Mara Aranda e Efrén López, um música que te leva a uma viagem fantástica e atemporal, por um universo oriental único.
          É inegável a forma como podemos experimentar cada palavra, cantada docemente por Mara Aranda. 
             Um som que vale a pena ouvir!




               O grupo lançou 3 álbuns:
                          - 2000: U;
                          - 2002: Cançó de Dona i Home;
                          - 2006: Cor de Porc.

               Outros álbuns são projetos paralelos do grupo: o primeiro é uma parceria com o grupo alemão Estampie, Al Andaluz Project - Deus et Diabolous, e conta com as vozes de Mara Aranda (L'ham de foc), Sigrid Hausen (Estampie) e Iman al Kandoussi. O segundo chama-se Aman Aman.



Al Andaluz Project




Aman Aman



                Ambos os álbuns possuem músicas do gênero sefardita, música da tradição judaica que é interpretada numa língua chamada ladino (originalmente, uma mistura de castelhano, português e hebraico).
               O único defeito da banda é existir apenas em projetos paralelos realizados pelos líderes da antiga banda, mas não deixa de valer a pena ouvir seu legado!

7 de novembro de 2010

Alice: Madness Returns

E se você construísse um refúgio?
Cuidadosamente montasse as peças
Do intrincado quebra-cabeça
E fizesse um mundo de maravilhas?

E se ao voltar ao seu refúgio
Buscando paz e segurança
Cada pequeníssimo detalhe
Estivesse torto e distorcido?

E se o mundo que você construiu
Se tornasse o seu pior inimigo?


          No ano de 2000, o designer de jogos American McGee, juntamente com o estúdio Rogue Entertainment, desenvolveu um jogo, publicado e distribuído pela EA Games, intitulado American McGee's Alice. Com gráficos impressionantes para a época, o jogo fez muito sucesso com seus cenários macabros e personagens horripilantes, baseados nas obras de Lewis Carroll (autor de Alice no País das Maravilhas e Alice Através do Espelho).
          Agora, onze anos depois (o jogo será lançado em 2011), American McGee e EA se reúnem novamente, para dar sequência à história, que se passa também onze anos depois dos acontecimentos do primeiro jogo.
Screenshot de Alice: Madness Returns
           O primeiro jogo se passa alguns anos depois da história dos livros. A casa de Alice é destruída em um incêndio acidental, do qual Alice é a única sobrevivente. Após sofrer de alucinações (e tentar suicídio), ela é internada em um hospital psiquiátrico, onde encontra, em uma noite nada normal, o mesmo coelho branco a chamando de volta ao seu País de Maravilhas. Mas o seu antigo refúgio já não é o mesmo. A falta de Alice permitiu que a Rainha de Copas tomasse o poder absoluto no País das Maravilhas, transformando o antigo mundo de sonhos e loucuras em um cenário decadente de escuridão e violência. A missão de Alice é trazer a antiga paz de volta ao mundo que a sua própria imaginação criou.

Concept art de Alice: Madness Returns
          Alice: Madness Returns traz um objetivo um pouco diferente. Alice conseguiu sua liberação do hospital psiquiátrico, depois de tanto tempo internada, e passou a ser tratada por um psiquiatra em Londres. Porém, o que era para ser uma libertação se torna um regresso ao pesadelo. Confrontando seus antigos demônios, Alice se vê novamente no País das Maravilhas (cujo nome já não faz mais nenhum sentido), que como antes se encontra distorcido e decadente. Porém, nesta sequência da história Alice percebe finalmente que não é a Rainha de Copas, ou qualquer outro personagem de sua mente, a "culpada" por essa decadência, mas sim a sua própria mente. Alice deve então combater, mais do que nunca, a sua própria decadência, a sua própria distorção, deve interromper a sua descida ao inferno.

Screenshot de Alice: Madness Returns
          Com gráficos bonitos, porém nada impressionantes para a realidade atual dos jogos eletrônicos (ainda mais falando de EA Games), Alice: Madness Returns reinventa, como seu predecessor, uma das histórias mais férteis e propensas a interpretações da literatura universal. Sua história é semelhante à de outras adaptações, como Alice de Tim Burton, com o mesmo maniqueísmo desagradável, totalmente ausente nos livros de Carroll. Resta dizer que o primeiro jogo, American McGee's Alice, não tinha uma história muito bem elaborada, o que tornava a jogabilidade enjoativa após pouco tempo. Fica a espera de que esta sequência traga algo realmente novo e criativo.

          O lançamento é previsto, como já dito, para 2011, para as plataformas XBOX 360, Playstation 3 e PCs.