28 de março de 2010

Silêncio

Era tarde. Era fácil deduzir isso mesmo deitada na cama, pensando, e pensando ela se perdia nas sombras definidas e marcadas nas paredes pela pequena lâmpada acesa. Era fácil saber que as horas já corriam apressadas, e saber que o tempo para terminar aquela última cópia estava caminhando para o fim. O frio dizia, o frio que acompanhava a noite e o silêncio. Mas talvez as janelas dos prédios vizinhos pudessem confirmar.

Era mesmo tarde. As janelas estavam todas apagadas, o sono leve/pesado de desconhecidos já se arrastava por elas, algumas vezes escorria das janelas abertas, levando consigo cortinas finas de seda, outras vezes se debatia em vidros cerrados. O sono de todos, os sonhos de todos, juntos num uníssono silencioso, tão desagradável por acentuar o sabor amargo dos pensamentos. Ela pensava, e era obrigada a isso por aquele silêncio abissal. Mais duas pautas, e estaria terminada aquela cópia irritante pedida no dia anterior na gráfica, e então a copista poderia se refugiar no seu também silencioso sono, mas os pensamentos a impediam de marcar as notas corretas nas linhas. A noite deslizava calmamente pelo quarto, as janelas estavam ainda todas apagadas, mas uma havia se acendido, naquele apartamento do outro lado da rua que ela tão bem conhecia.

E naquela janela, a cena que ela já decorara se repetiu: um homem vestido de solidão e cansaço andava relutante pelo quarto com folhas de papel rabiscadas, e então se sentava diante de um piano velho preto de parede, e passava horas com as mãos ora nas teclas, ora na caneta sobre o papel. Mais uma vez a copista abria a sua própria janela esperando os sons do piano, e só o silêncio banhava sua face carregado pelo vento frio, e a deixava novamente sozinha com seus pensamentos.

De solavanco ela acordava, assim, todos os dias, porque dormia profundamente, e porque quase sempre as horas haviam corrido rápido demais. E então ela corria para o térreo, e entrava na gráfica, e esperava que aquele que pediu a última cópia viesse, e ela assim poderia ficar livre para sentir a velocidade das pessoas pela gráfica. Era simplesmente adorável ver crianças batendo nas prateleiras querendo esse ou aquele quadro, ver que as pessoas olhavam quase sempre as mesmas coisas, e aquilo que era ignorado por um, ela sabia, seria ignorado por todos, e ficaria sozinho acumulando pó em alguma prateleira, até que ela ou outro alguém fosse até lá e com prazer eliminasse o desnecessário. Ela se deliciava em ouvir o barulho das pessoas esbarrando nos quadros, nas amostras, nos vidros, e ainda mais quando algum cliente tamborilava sobre o balcão. A confusão de sons se espalhava por todas as paredes, e ela amava isso.

Em algum momento, porém, sempre vinha aquela lufada de vazio, e eliminava o barulho. Ainda bem, claro, que sempre alguém se preocupava seriamente com isso e então o rádio era acordado para despejar músicas e notícias e anúncios e discussões. Isso evitava que o tempo demorasse para andar, evitava que ela olhasse em volta e visse onde estava, que ela olhasse para fora e visse onde não estava.

Mas de tempos em tempos, ela sabia, alguém trazia o silêncio consigo. E era sempre o mesmo alguém, que ela conhecia das janelas noturnas, o mesmo homem, o pianista, com algumas ou várias folhas de papel rabiscadas e borradas de nanquim, o que contorcia o rosto quando alguém derrubava uma pilha de papel, ou quebrava um quadro, ou uma criança insatisfeita gritava sua insatisfação. E ela já sabia que ele desviaria cuidadoso de todos, até chegar ao seu balcão e pedir duas cópias profissionais de seus rascunhos. Ela já previa inclusive várias noites lentas, debruçada sobre o papel, transformando os rabiscos nos pentagramas improvisados em verdadeiras partituras, finas, delicadas e sem borrões. E quando ele ia embora, finalmente o barulho de tudo voltava.

A copista passava assim o dia inteiro na gráfica, admirando e escutando, afinal poucos vinham realmente pedir os seus serviços. Gostava especialmente do fim da tarde, quando ela já tinha certeza de que ninguém precisaria dela, e ela se recostava na parede da frente da gráfica, e o barulho dos clientes e o barulho da rua eram um só. Ela se divertia com aqueles que gritavam das janelas, ria por ver as mesmas janelas, agora iluminadas por um sol de fim de tarde meio empoeirado. E tantas pessoas, tanta gente passava correndo pela calçada, uma bicicleta esbarrava em alguém, e todo aquele volume de outrem, de alheios a tudo, que atravessava as ruas de minutos em minutos, quando então os semáforos davam a vez aos carros e ônibus e caminhões, e mais mil sons então a envolviam, e era difícil perceber que a tarde já tinha virado noite.

A noite, aliás, trazia mais multidões. A copista ia ao bairro vizinho, passeava por lojas abarrotadas, comia algo em algum lugar, ia ao fantástico cinema onde podia ver vidas inexistentes se acabando em meio aos tiros e gritos, ou essas mesmas vidas esperando um pouco de carinho e atenção em seus universos pequenos, e como era bom ver os créditos e saber que aquilo existia apenas na tela. Ou talvez ela ia ao teatro, e adorava quando alguém tossia, ou comia ruidosamente uma pipoca, ou – o mais emocionante! – jogava uma pipoca no palco, e ela ria um riso solto junto com todos. Ou talvez ela ia a algum show, e gritava até não haver voz, ou então dançava tanto, tanto, e se cansava, e então voltava para sua rua, seu prédio, e entrava desejando seu quarto e sua cama.

Naturalmente a cama estava distante, porque sempre faltava alguma cópia para ser feita, e ela passaria horas no quarto escuro, iluminado apenas pela lâmpada da sua mesa. E em algum momento, só para confirmar o que o frio sussurrava, ela olharia para as janelas dos outros prédios e veria que a noite avançara, e seu olhar tropeçaria na única janela iluminada, onde o pianista tocava incessantemente seu piano, e ainda mais uma vez ela abriria a janela esperando ouvir as notas, e só o silêncio a receberia do lado de fora. Do lado de dentro, porém, ela sabia que seus pensamentos a esperavam, sentados na beirada da mesa, ou no pé de sua cadeira, ou nas paredes, ou mesmo depois, no seu travesseiro. E lhe perguntariam os motivos, por que ela não conseguia ouvir o que o pianista tocava, e por que ela olhava para lá mesmo sabendo que não viria nenhum som daquela janela, por que ela reparava cuidadosamente no pote de nanquim sobre o piano, nas folhas espalhadas, e por que afinal o pianista haveria de querer tocar durante a noite. E nessa batalha ela permanecia, até que o sono vencesse.

E a semana passava, e então vinha o domingo. A copista acordava de um pulo, vestia sua elegância de meio-dia e corria para a praça central, onde ela sabia que centenas de pessoas se amontoariam para ver exposições de algum artista desconhecido, passando pelos quadros ou fotografias ou esculturas rindo e conversando – pois afinal todas aquelas cores confusas, aquelas fotos monocromáticas ou estátuas tortas não faziam o menor sentido. Ou então, o que ela mais gostava, algum grupo tocava alguma música conhecida, e todos batiam freneticamente suas fotos e iluminavam com seus flashes cada pedacinho do espaço em que os músicos se amontoavam, e ela mesma tinha a oportunidade de pedir algum autógrafo. E pela tarde inteira ela poderia andar pela multidão, de sons, de sabores, de pessoas. E até à noite, quando ela poderia ouvir de algum rádio ou televisão alguma música repetidas, e várias, e muitas vezes.

E mesmo quando se acabassem as opções, sempre havia um filme policial para ver, alguma perseguição de carros, algum apresentador gritando sobre a mais recente notícia, até que o sono crescesse e se tornasse maior que tudo, e a arrastasse para a cama. E era fácil dormir, sem pensamentos para debater.

Mas quando não era domingo, ah as noites eram pesadas. E, de fato, quase sempre ela pensava nos porquês do pianista. Afinal a luz daquela janela desenhava uma sombra por metade de seu quarto, e mesmo que ela fechasse a cortina, a luz ainda daria um jeito de chegar às suas paredes. Ela refletia, cada vez mais, se o pianista realmente dormia. Se em algum momento, além de quando ia até a gráfica, ele se deitava e apagava sua luz. Talvez ele dormisse durante o dia, mas esse era um pensamento que ela tinha apenas pouco antes de dormir, porque afinal não fazia o menor sentido perder o dia dormindo, perder toda a velocidade das coisas que o dia trazia.

Certa vez, porém, ela notou que o pianista demorou para aparecer. Isso porque ele sempre voltava até a gráfica a cada semana, ou duas no máximo, mas já fazia um mês que ele não vinha até o balcão da copista com folhas rabiscadas. Da frente da gráfica ela tentou encontrar a janela do pianista, entre tantas abertas e com tantas pessoas, mas não conseguiu. Afinal eram todas iguais, e ela só identificava aquela janela pela luz solitária, que naturalmente estava apagada durante o dia. À noite ela contou as janelas, e marcou num papel o lugar exato da janela do pianista, mas mesmo assim ainda tinha dúvidas. Afinal eram todas iguais.

E enquanto ela se perdia na visão das janelas, parada em frente à gráfica, um folheto tropeçou no poste em frente, um anúncio de um concerto de piano para o domingo daquela semana, para o dia seguinte. A copista observou animada que vários músicos participariam, mas se lembrou com pesar que o pianista era uma incógnita para ela, sem nome, sem qualquer identidade. De volta ao seu balcão, já esperando o final do dia, ela viu quando o pianista entrou na gráfica com várias folhas, e cuidadosamente passou pela multidão até ela, e entregou mais um rascunho para ser copiado pelas mãos da copista. Só que dessa vez, era urgente, era preciso que estivesse pronto até a manhã do dia seguinte, quando ele viria pegar sua partitura pronta. O pianista até chegou a perguntar se ela iria ao concerto, chegou a dizer alguma coisa além do necessário. E dessa vez, ela observou, seus olhos pareciam mais fundos do que o habitual, e suas unhas pareciam mais manchadas de nanquim do que nunca.

Com o máximo de velocidade que podia, ela copiou o rascunho pela noite inteira. Mesmo quando os pensamentos vieram conversar, ela continuou, e mesmo quando eles elevaram a voz e correram pelo quarto e gritaram, ela continuou. Era urgente, afinal, e o silêncio aterrador não a intimidaria, as janelas não a atrairiam, ela não olharia para a única janela iluminada. E mesmo quando a fome se juntou aos pensamentos, e quando o sono se recostou na sua cadeira e pesou sobre seus ombros, ela continuou.

Os rabiscos estavam especialmente borrados dessa vez. Ela se demorou em vários trechos, tentando distinguir o que cada traço significava em meio às manchas de nanquim, e afinal o que era traço, e o que era mancha. Havia muitos detalhes, e muitos pianíssimos e fortíssimos, e crescendos e diminuendos que ela teria que transcrever com cuidado. Pauta por pauta, página por página, folha por folha, ela copiava o que parecia ser intenso demais para caber nas mãos de alguém, e assim teria o pianista borrado cada compasso por não suportar em seus dedos o peso de tanta intensidade. Horas, e horas, e horas, e cada página foi terminada como devia, até que os pássaros anunciavam o que ela suspeitava: a noite havia ido embora.

Descendo devagar, ela chegou até a gráfica, destrancou a porta, se recostou no balcão e esperou. A manhã passou, os pequenos pássaros que haviam lhe anunciado a manhã agora brigavam na calçada por um pedaço de pão, enquanto mais à frente alguém deitado em outra calçada olhava o mesmo pedaço de pão. As pessoas andavam, os carros passavam, mais sons vinham, e ela sabia que o domingo estava andando por aí sem que ela o acompanhasse. Ela olhava para os prédios do outro lado da rua, esperando que o pianista surgisse, e nada. Sonolenta, tentou encontrar novamente aquela janela solitariamente iluminada, e talvez num delírio de semi-sonho, talvez num lapso de consciência entre um rápido fechar de olhos, ela a encontrou. Estava lá, e como poderia não estar, como ela não havia ainda percebido? Estava lá, tão rara e única e diferente das outras. E ele afinal não vinha.

Até que o sono fez com que os sons de que ela tanto gostava se afastassem, e deixou que um pensamento se aproximasse e se apossasse de sua consciência. A copista pensou que afinal o pianista não viria, e que ela acabaria por perder o domingo. E o concerto! havia ainda o concerto para ir, e ela o perderia se ficasse esperando o pianista. Por que então ter que esperá-lo? Por que não deixar sua partitura guardada, e entregar depois? Ou melhor – e isso ela pensou quando de relance seus olhos voltaram àquela janela – por que não entregar no próprio apartamento do pianista? Ela despertou de seu semi-sono e decidiu ir até lá, e entregar e se livrar enfim da partitura. Atravessou a pequena multidão das calçadas, e a rua molhada pelo sereno da manhã, e entrou no prédio onde ficava aquela janela. Subiu até o andar, supôs que uma das portas era afinal a correta, e bateu. Ao menos uma vez ela bateu, aliás, pois enfim a porta rangeu, e abriu espaço.

Pela porta semi-aberta ela viu um apartamento qualquer, como qualquer outro, não fosse pela presença pesada e enorme de um piano preto próximo à janela. Sem nenhum ruído vindo de qualquer lugar, ela percebeu que o pianista não estava ali. Decidiu entrar, mas onde deixar a partitura? Não havia mesa, apenas cadeiras, uma cama no outro quarto e um piano à janela. Admirando a janela, dessa vez de seu interior, ela se aproximou do parapeito, sem reparar numa dobra do tapete em frente ao piano. Num tropeço, suas mãos caíram sobre as teclas desprotegidas, e ela esperou um forte barulho que revelaria sua invasão, mas apenas o som das próprias teclas batendo ressoou pelo quarto. Nenhuma nota, nenhum som de piano, nada. No silêncio, um pensamento a sacudiu, e ela ergueu com cuidado o tampo do piano. O susto a fez esbarrar no pequeno pote de nanquim, e sujar de preto a borda de sua manga. Não havia cordas. Aquele piano não poderia jamais emitir qualquer nota, dele jamais poderia vir alguma música, aquele era um piano morto.

Depois de deixar a partitura sobre o piano, e tentar sem sucesso limpar a sujeira em sua roupa, a copista correu até a praça central, pois o concerto já estava para começar. Irritada, assustada – e abaixo de tudo isso, cansada – ela se sentou numa das cadeiras postas em volta do coreto e esperou. Uma apresentação, outra, e ela pôde enfim conversar bastante com alguém. As pessoas ouviram rapidamente quando foi anunciada mais uma atração, e ela continuou sua animada conversa, até que se passassem mais algumas apresentações. Finalmente ela estava em meio à profusão de sons de que tanto gostava, sons de todos os tipos: conversas, risos, choros de crianças pequenas, pessoas e suas pipocas, e abaixo de tudo isso uma música agradável. Vieram então as apresentações autorais, e cada pianista apresentou sua própria música. A copista ficou maravilhada quando percebeu que as músicas eram como uma extensão daqueles muitos sons, eram como uma imitação de todos os ruídos possíveis, uma combinação de tudo, perfeitamente igual à confusão nas calçadas, nas ruas e na gráfica. Ela chegou a parar a conversa para ouvir, afinal aquela música já preenchia totalmente seus sentidos e não deixava espaço nenhum para algum pensamento atormentador, e isso a alegrava.

E então foi anunciada a última atração. Assustada, a copista viu o pianista surgir da multidão de pessoas sentadas, subir a pequena escada do coreto e se sentar em frente ao piano longo de cauda. E o silêncio que ela conhecia e temia, que o pianista sabia de alguma maneira trazer sempre consigo, se espalhou pela praça central da cidade. Ele estava, ela observou, sem nenhuma partitura, sem nenhum guia para a música que iria tocar, e então afinal para que a urgência na transcrição de seus rascunhos? Mas afinal o que ele poderia tocar, aquele homem que tocava e treinava noites e noites num piano sem som? Afinal que música poderia nascer de teclas e dedos que não criavam nenhum som?

O pianista começou, e ela ouviu cada nota e cada arpejo com uma atenção singular. Cada pensamento pôde se acomodar à sua frente, e suas idéias dançaram uma dança lenta que fazia surgir um sentido diferente para os sons que o pianista espalhava pela multidão. Cada ruído de conversa, ou de choro, ou de qualquer outra coisa foi aos poucos, timidamente, se afastando de seus ouvidos e se sentando quieto em seu devido lugar, mesmo que seus olhos vissem a mesma multidão agitada. Aquela música, como ela sabia, seria longa, mas o tempo pareceu não voar ou ficar parado, mas simplesmente não existir enquanto o pianista oscilava entre rubatos, doces trinados e violentos graves repentinos. Seus sentidos simplesmente não existiam, enquanto cada nota a enlevava em uma canção que parecia ser o universo inteiro.

E quando, depois de um tempo que ela não percebeu, o pianista terminou de tocar, e a multidão deu seus aplausos desinteressados, ela tentou aplaudir, mas não conseguiu. Ficou parada em sua cadeira, enquanto o pianista se erguia, descia do coreto e ia em sua direção. Afinal um lapso de consciência a levantou, e ela esperou sem entender que ele se aproximasse. Num cumprimento, o pianista olhou de relance para a manga suja de nanquim da copista, e então perguntou se a partitura estava pronta. Ela explicou timidamente que havia entregue no seu próprio apartamento, que enfim tinha encontrado a porta aberta e entrado, e que a partitura estaria em cima do piano. Porém, o silêncio que o pianista sempre carregava consigo trouxe violentamente um pensamento, um impulso de curiosidade.

– Por que o piano não tem cordas? – ela perguntou, sem conseguir agarrar as palavras antes que elas pulassem de sua boca.

– O silêncio é mais interessante.

– Mas como você pôde escrever aquela música em um piano sem som? Eu duvido que todos os outros que se apresentaram hoje tenham escrito suas músicas em instrumentos mudos!

O pianista virou o rosto para o lado, e a copista pode entrever um pequeno sorriso num rosto só e cansado, os mesmos olhos fundos, e o mesmo silêncio que sobrepujava tudo.

– Todos eles ouvem apenas o barulho, apenas o barulho ensurdecedor. Eles não aprenderam de onde vem a verdadeira música, não aprenderam a escutá-la, e por isso imitam o que podem apenas ouvir. Todos eles precisam ouvir suas músicas, porque ela não está verdadeiramente dentro deles mesmos. Porém eu, eu não posso ouvir minha música até que ela termine, pois não há som algum que possa traduzir o som que eu escuto dentro de mim, que eu escuto gritando no silêncio.

E a copista observou, parada, enquanto o pianista ia embora cuidadosamente desviando da multidão, e como as pessoas pareciam fazer barulho, e ela notou que já não escutava esse barulho. Ao seu lado, aos seus pés, seus pensamentos a puxavam pela mão para irem de volta para casa.

Uchpa


Uchpa é uma banda de rock e blues rock, originada em Trujillo, Peru. É uma banda muito curiosa por que a maioria das suas músicas, são cantadas em Quíchua, língua nativa dos antigos Incas, que ainda é muito falada no Peru, Bolívia, Chile, Equador e algumas regiões do México.
Iniciando em 1994, com Freddy Ortiz, que foi o idealizador de uma banda que utilizasse a língua Quíchua em suas músicas.
Um detalhe curioso dessa banda é que eles faziam covers do Nirvana na língua Quíchua até que alcançaram seu próprio sucesso em seu país.

Os integrantes da banda são:

* Freddy Ortiz na voz;
* Marcos Maizel na guitarra base;
*Julio Valladares na guitarra solo;
* Miguel Ángel Cruz no baixo;
* Ivo Flores na bateria;
* Juan Ezpinoza (Waqrapuku, instrumento musical inca tradicional).


Discografia:

* Wayrapim Kaprichpam (1995)

* Qauka Kausay (1994)

* Lo Mejor De Uchpa (2005)

* Concierto (2006)






Fonte: Leptossomico.

27 de março de 2010

O Chá


E se pudéssemos parar?
E o mundo, como um fragmento
De sonho, se perderia
Em desnudadas fantasias

E se eu pudesse alcançar
A porta dourada, e abrir
Para uma furiosa ventania
Os tais embotados pulmões?

E se pudéssemos ver
Além das cinzas e das muralhas
Os tais verdes campos, e o orvalho
A beijar nossas cicatrizes?

E se tirássemos de ti
Todos os pequeníssimos clamores?
E a vida, em estilhaços
De ilusões, partir-se-ia

E se pudéssemos andar
Tão-só acima do rápido e sensato?
E a noite, com suas crias
Daria um banquete de Utopias

Ah, que o chá enfim terminou
E sozinha, na mesa, a criança
Ergue a xícara, turva lembrança
De um sonho do qual não bebeu

O largo sorriso, ela espera
Que surja do deserto das árvores
E as tais negras asas encubram
Um rosto que empalideceu

E o julgamento, perdido!
Ela encara o processo infindável
Do não-ser, vazio indecifrável
Ah, que o chá enfim terminou

E se pudéssemos te ouvir?
Os olhos, acinzentados
Que te vêem, não te enxergam
A ordem dissolveu suas cores

E se eu pudesse sorver
Da pequena garrafa um único gole?
Na dança-corrida tomar parte
Entre doces perfumes de eternidade

E se pudéssemos tomar
Das mãos do Ter o cetro?
E os pés, em anistia
Refariam os teus caminhos

E se pudéssemos quebrar
A tão-bela lógica do correto?
E de um novo chá, sem grilhões
Pudéssemos enfim tomar?

E se, de tudo, restasse o sonho
Que ninguém jamais sonhou?
À noite, Alice, eu cantaria
Tua sanguínea sonata eternal.

__________________________________________________
Escrito em 13/03/2010.
"escrito parcialmente entre cinzas"

Dedicado a alguém que soube e pôde me ouvir,
mesmo no mais completo barulho,
e que aceitou ler, mesmo no mais completo caos.
A Marcelo Campos.


Imagem retirada do filme Alice in Wonderland, de Tim Burton.

23 de março de 2010

The Idan Raichel Project - הפרוייקט של עידן רייכל

Passeando pela internet, procurando sei lá o que, dei de cara com Idan Raichel Project, em hebraico: הפרוייקט של עידן רייכל.



O idealizador do projeto é o tecladista que dá nome a ele: Idan Raichel (em hebraico: עידן רייכל).
Nasceu em 1977, em uma pequena cidade (Kfar Sava) perto de Tel Aviv, onde ainda mora.
Seu primeiro instrumento foi um acordeon, e desde de muito novo sentia-se atraído pela sonoridade exótica do tango e da música cigana. Quando serviu no exército, aos dezoito anos, integrou uma banda de rock do exército como diretor.
Trabalhando como conselheiro em uma escola para imigrantes, Idan conheceu jovens de lugares como Etiópia, passando a frequentar bares e clubes etíopes. Nesta época, Idan também se juntou ao popular artista israelense Ivri Lider.
Para realização de seu projeto Idan convidou 70 amigos de diversos cenários musicais para participar das gravações, entre eles: artistas de Israel, Colômbia, Ruanda, Mali, Índia, Etiópia e Cabo Verde.


Resumindo tudo, Idan Raichel Project é um ótimo exemplo da qualidade musical israelense, que de uma forma própria une várias músicas folclóricas, experiências e tradições, trazidas por variadas pessoas de diferentes regiões em uma única linguagem musical. Diversidade formando uma unidade surpreendente, na qual você percebe as nuances e o todo ao mesmo tempo, e que te enleva e propõem a imaginar a origem de cada som, e até mesmo a degustar a pronúncia de cada letra da música.



Links para Download:

Within My Walls



Sites:


18 de março de 2010

Família Burton...ou melhor: Addams!




E Tim Burton não para...

Segundo o site Omelete, ele mal saiu do País das Maravilhas, entrará no mundo de fantasia mórbida da "Família Addams".
O mencionado artigo conta que o cineasta dirigirá um longa em stop-motion 3-D, baseado nos primeiros desenhos do cartunista Charles Samuel Addams (1912-1988). 
Antes os desenhos eram propriedade da revista New Yorker, mas foram comprados pela Ilumination Entertainment, produtora sediada na Universal.
Chris Meledandri, presidente da produtora desde 2007 (ano de sua fundação), será um dos produtores do filme. E ainda procura-se um roteirista.



Agora é esperar e ver no que vai, pra sentir a pitada de Burton, neste clássico, que teve muitas adaptações desde os anos 60, mas nunca a Tim Burton.

15 de março de 2010

Versailles Philharmonic Quintet - Jubilee


Pra quem acreditava que após o trágico acontecimento, que constituiu a morte de Jasmine You, a banda Versailles não fosse se recuperar, eles apresentam o seu novo trabalho: Jubilee.
Com destaque para a música de trabalho que apresenta não só um clipe muito bem feito, característica da banda, como também uma bela sonoridade.
O cd é em sua totalidade muito bom, são 12 músicas, sendo que algumas já são reconhecidos sucessos como Ascendead Master, Prince, Gekkakou.

Vale a pena conferir!!





Tiarra


Se você está procurando uma banda com uma sonoridade diferente, fatalmente terá de ouvir Tiarra.
Com músicas em romeno e inglês, com uma temática que remete a vida e a alma a banda cativa com o seu som.




Formada em 2004 a banda é original de Bucareste- Romênia, contando com os seguintes integrantes: Anda Pascu (Vocal), Tudor Scanteie (Guitarra), Pomponiu Ion (Teclado), Sebastian "Natas" Macovei (Bateria), Robert Ardeleanu (Baixo), Diana Miron (Violino), Alexandru Pantea (Indianu), Iulia (Cello).


DISCOGRAFIA




Link 1

Link 2 







Fonte: Elegia 

Você é um bom homem, Charlie Brown!

Estreou nesse sábado (dia 13 de março), no Teatro Shopping Frei Caneca em São Paulo, um dos espetáculos musicais com maior número de montagens na história do teatro americano. Meu Amigo, Charlie Brown (You’re a Good Man, Charlie Brown) chega pela primeira vez aos palcos brasileiros. Uma superprodução para todas as idades, baseada na célebre história em quadrinhos, a Turma do Snoopy (Peanuts no original americano), criada pelo desenhista Charles M. Schulz, em 1950, que até hoje é publicada em diversos jornais de todo o mundo.

O texto original de Schulz foi traduzido e adaptado por Mariana Elisabetsky, com direção geral de Alonso Barros, cenografia de Chris Aysner e iluminação de Paulo César Medeiros. Os figurinos de Jô Resende são uma releitura da criação do autor, em que os personagens estão sempre com as mesmas roupas. A montagem conta com uma pequena orquestra com sete músicos, regida pelo diretor musical Marconi Araújo, que tocará a trilha que será interpretada no palco pelo elenco.

O elenco da adaptação brasileira é formado por Leandro Luna (Charlie Brown), Frederico Silveira (Snoopy), Mariana Elisabetsky (Sally Brown), Paula Capovilla (Lucy Van Pelt), Felipe Caczan (Schroeder), Thiago Machado (Linus Van Pelt), Maria Bia Martins (Swing Feminino) e Beto Sargentelli (Swing Masculino). As canções originais são de Clark Gesner e canções adicionais de Andrew Lippa.

Uma das histórias em quadrinhos mais populares e queridas de todos os tempos, a turma de Charlie Brown, Snoopy, Lucy e companhia foi adaptada para  o cinema, séries e especiais de TV, discos, livros, parques temáticos e, claro, espetáculos musicais. You’re a Good Man, Charlie Brown estreou Off-Broadway, em 1967, com cerca de 1600 apresentações. Uma segunda versão foi montada em 1971. A versão definitiva é a de 1999.
A trama

Os autores resumem a história como um dia normal na vida de Charlie Brown. Um dia recheado de pequenos momentos da vida do personagem. Do Dia dos Namorados à temporada de beisebol, do extremo otimismo ao desespero total, tudo isso misturado às vidas de seus amigos, com a ação se passando em um único dia, de uma linda e incerta manhã a uma noite estrelada e cheia de esperança.

O universo de Charlie Brown se caracteriza pelo humor delicado e melancólico, com personagens inteligentes, sensíveis, mordazes e criativos, que provocaram uma revolução no mundo das histórias em quadrinhos. Afinal, o protagonista é um menino cheio de preocupações e com algumas frustrações; Schroeder vive debruçado ao piano e tem Beethoven como herói; Linus não desgruda de seu cobertor; Lucy tem uma banca de analista e Snoopy é absolutamente extraordinário. Todos os personagens refletem sobre a simplicidade e a complexidade do cotidiano, além de questionarem e tentarem entender tudo o que os rodeia


Charles Schulz

Em 1947, Charles Schulz vendeu uma tira chamada Lil' Folks para um jornal de sua cidade natal, o St. Paul Pioneer Press. Lil' Folks foi publicado semanalmente por dois anos. Porém, quando Schulz pediu para que a tira fosse diária, acabou sendo despedido.

Em 1948, Schulz vendeu um painel de tira cômica para o Saturday Evening Post e continuou a vendê-los entre 1948 e 1950.

Em 1950, Schulz foi para Nova Iorque com muitos projetos de desenhos para uma reunião que foi muito importante em sua carreira. Ele foi a uma reunião da United Feature Syndicate. E então, no dia 2 de outubro de 1950, Peanuts, nome de que no começo Schulz não gostou, fez sua estréia em sete jornais dos Estados Unidos e logo transformou-se em um grande sucesso.

O sucesso das tiras nos jornais foi tão grande que em 1973 transformaram-se em desenho animado, com o episódio A Charlie Brown Thanksgiving (algo como O Dia de Ação de Graças de Charlie Brown). A popularidade tornou-se maior ainda, levando à criação de vários produtos com o tema Peanuts, desde cadernos e camisetas a pastas de dente. Peanuts teve também quatro longas-metragens.

Em dezembro de 1999, Schulz anunciou sua despedida dos jornais, devido a problemas de saúde. Um mês após a publicação de sua última tira, em 3 de janeiro de 2000, Charles Monroe Schulz faleceu em Santa Rosa, EUA, no dia 12 de fevereiro de 2000, aos 77 anos de idade. Porém seus desenhos e personagens mantêm-se imortalizados no mundo todo.
 

Fontes:

10 de março de 2010

Giotto


Restauradores usando raios ultravioletas redescobriram magníficos detalhes originais das pinturas de Giotto na capela Peruzzi, na igreja Santa Croce, em Florença, que tinham ficado ocultos durante séculos.

"Descobrimos um Giotto secreto", disse Isabella Lapi Ballerini, diretora do Opificio delle Pietre Dure, de Florença, um dos mais respeitados laboratórios de restauração de arte no mundo.

Mais de uma dúzia de restauradores e pesquisadores iniciaram no ano passado um projeto ambicioso de "diagnóstico não invasivo" para averiguar as condições da capela de 12 metros de altura, que Giotto pintou por volta do ano 1320.

O objetivo do estudo, financiado em parte por uma doação da Fundação Getty, de Los Angeles, era colher informações sobre a capela de 170 metros quadrados. As informações seriam usadas para orientar uma restauração futura.

Durante o projeto, que durou quatro meses, restauradores trabalhando sobre três andares de andaimes de aço descobriram que, quando olharam as pinturas sob luz ultravioleta, puderam enxergar detalhes espantosos que não são visíveis a o olho nu.


"Foi algo realmente surpreendente", disse Cecilia Frosinini, coordenadora do projeto que estudou as cenas das vidas de São João Evangelista e São João Batista.

"Sabíamos que poderíamos obter resultados muito interessantes do diagnóstico científico, mas, quando olhamos as pinturas sob a luz ultravioleta, de repente essas pinturas muito gastas, estragadas por restaurações antigas, ganharam vida nova", disse ela, apontando para uma cena e usando óculos de proteção.

Acredita-se que as pinturas feitas por Giotto na capela lanciforme exerceram grande influência sobre Michelangelo, que nasceu quase 140 anos após a morte de Giotto e que pintou a Capela Sistina no início do século 16.

Os restauradores de hoje estão enxergando os detalhes que Michelangelo viu quando admirou as pinturas de Giotto, visto como um dos artistas que lançou as sementes do Renascimento italiano.

"As cenas voltaram a ser tridimensionais. Pudemos ver os efeitos de chiaroscuro", disse ela. "Havia corpos sob as vestimentas. Eles se tornaram tridimensionais. Tornou-se possível enxergar as dobras das roupas, as expressões dos rostos."

A capela Peruzzi foi imortalizada na cena do livro "Um Quarto com Vista", de E.M. Forster, em que a jovem Lucy Honeychurch é apresentada aos trabalhos de Giotto por seu futuro marido, George Emerson.


Giotto Di Bondone é considerado o precursor do Renascimento Italiano.
Através de sua arte ele mudou a maneira que se concebia os temas religiosos e a pintura bizantina, humanizando e concedendo-lhe carater tridimensional.
A principal característica de seu trabalho é tratar a figura dos sants como seres humanos comuns, mas ocupando uma posição de destaque na pintura. Que vai de encontro com a visão humanista do Renascimento.











Embora não se tenha absoluta certeza do ano, Giotto morreu quando pintava "O Juízo Final" para a capela de Bargello, em Florença. Durante uma escavação na Igreja de Santa Reparata, em Florença, foram descobertos ossos na mesma área que Vasari tinha relatado como o túmulo de Giotto.
Os ossos eram de um homem baixo, que pode ter sofrido de uma forma de nanismo. Isso apóia uma tradição da Igreja da Santa Cruz de que um anão que aparece em um dos afrescos é um auto-retrato de Giotto.
 
Filho de fazendeiro, conta-se que aos doze anos Giotto foi visto desenhando uma das cabras de seu pai.
Conta-se que também que, trabalhando como aprendiz de um mercador florentino, insistiu para ser admitido no ateliê do pintor Cimabue, o mestre da pintura no século 13.
As primeiras obras conhecidas de Giotto são uma série de afrescos sobre a vida de São Francisco, pintados na igreja de Assis.
Cada afresco representa uma passagem da vida do santo, e as figuras humanas e animais aparecem representados de forma realista.
Durante os anos de 1305 e 1306, Giotto pintou uma série de 38 afrescos na Capela Arena, em Pádua, contando a vida de Jesus Cristo e da Virgem Maria. Destacando-se uma representação impressionante do juízo final.
Sob encomenda Giotto realizou também diversas obra por encomenda de príncipes e alto clero da Igreja, em Roma, Nápoles e em Florença.
Recebeu em 1334 o título de Magnus Magister (Mestre Maior), em Florença, onde tornou-se o arquiteto oficial da cidade e superintendente de obras públicas. Foi ai que desenhou o famoso campanário de Florença.
Com grande fama, Giotto era tido como um homem espirituoso e caseiro. Casou-se e teve seis filhos.
Dante Alighieri, o autor da "Divina Comédia", incluiu Giotto na parte do Purgatório, citando-o como o grande pintor que superou Cimabue. Não se conhece a data certa de seu nascimento e há dúvidas quanto ao ano, mas acredita-se que seja Colle Vespignano, 1266 - 1337.

               
               Wikipédia
            
               Uol/Educação

9 de março de 2010

Fantasma da Ópera...no divã?


"O Fantasma da Ópera", um dos maiores musicais de todos os tempos, estreia em Londres nesta terça-feira em meio a inquietação entre fãs inveterados do musical, que vêm postando opiniões online desde que as pré-estreias começaram, duas semanas atrás.

O compositor Andrew Lloyd Webber se preocupou com a repercussão na Internet -- boa parte dela negativa -- tanto que a criticou em entrevista recente a um jornal, apesar de continuar confiante em que "Love Never Dies" terá final feliz.

A discussão vem acontecendo sobretudo no site da publicação teatral What's On Stage.

Mais de 850 mensagens foram deixadas no site desde 22 de fevereiro, quando "Steve 10086" descreveu o musical como "um tédio". Mas nem todos os comentários têm sido negativos, e muitas pessoas que os fizeram não tinham assistido ao musical.

Lloyd Webber, que recentemente passou por tratamento contra câncer da próstata, descreveu as pessoas que já estão atacando a nova produção como "uma cultura patética" de pessoas "que se pautam exclusivamente pelo velho Fantasma da Ópera".


No site do próprio musical, um blogueiro resumiu o sentimento de muitos fãs de "Fantasma". "Uma coisa é certa: nunca haverá nada tão bom quanto o Fantasma. Fui assistir à sequência com a cabeça aberta, mas me senti como se estivesse assistindo a um rascunho da coisa real."

Criador de muitos musicais de sucesso, incluindo "Evita", "Starlight Express", "Cats" e "Jesus Christ Superstar", Lloyd Webber acha que muitos de seus maiores sucessos poderiam ter tido dificuldade em sobreviver se tivessem sido criados na era da Internet, marcada pelas reações instantâneas.

"Se alguém (com acesso à Internet) tivesse assistido à primeira pré-estreia de 'Cats', acho que o musical teria sido encerrado ali mesmo", disse ele.

Sob alguns aspectos, "Fantasma da Ópera" é o musical mais difícil para se igualar, tendo quebrado recordes com mais de 9.000 apresentações apenas em Londres, a maior temporada na história da Broadway e apresentações diante de mais de 100 milhões de pessoas desde que estreou, em 1986.

Mas "Fantasma" também recebeu algumas críticas negativas iniciais, e Lloyd Webber disse recentemente ao jornal The Independent: "A história do teatro musical é repleta de resenhas negativas dadas a peças que depois viraram clássicos."

"Love Never Dies" estreia hoje no teatro Adelphi, no West End, em Londres, e chegará à Broadway em novembro e à Austrália em 2011.

O novo musical leva adiante a história do Fantasma, que deixou seu esconderijo no Teatro de Ópera de Paris e, dez anos mais tarde, assombra os parques de diversões de Coney Island, em Nova York.

Fonte: Yahoo! Notícias

Homem de Ferro 2


Se você gostou de Iron Man, prepare-se!!! A Sequência vêm ai...

Depois de ser exibido após a premiação do Oscar nos Estados Unidos, na madrugada de segunda-feira (8), caiu na internet o novo trailer de "Homem de Ferro 2".
O vídeo traz várias cenas inéditas de Robert Downey Jr. de volta como o herói Tony Stark, além dos novos personagens Viúva Negra (interpretada por Scarlett Johansson), o vilão Chicote Negro (Mickey Rourke) e Máquina de Combate (Don Cheadle), entre outros. Gwyneth Paltrow retorna como a mocinha Pepper Potts, enquanto Samuel L. Jackson será Nick Fury. 
Com direção de Jon Favreau, o filme estreia nos cinemas brasileiros em 30 de abril.


8 de março de 2010

Trilha sonora de Alice no Brasil!


A Disney Brasil confirmou o lançamento dos dois CDs, contendo as trilhas sonoras de Alice no País das Maravilhas, no Brasil!

Um deles contém canções de vários artistas, e o outro (que particularmente me interessa MUITO) contém a trilha sonora composta por Danny Elfman para o filme. Os dois CDs serão lançados nas nossas terras quentes e calorentas no dia 24 de março. Aliás, o CD com a trilha de Elfman será vendido (por puro sadismo da Disney talvez) apenas pelas livrarias Saraiva.

Para quem ainda não sabe, e já que cada site anunciava uma data diferente, a Disney Brasil marcou para o dia 23 de abril o lançamento do filme no Brasil. Ou seja.............. a trilha sonora chega aqui quase UM MÊS antes do filme..........................

Desânimo à parte, a Disney liberou semana passada o tema principal do filme (e toda a trilha de Elfman) no Youtube.




Fonte: Blog Disney Mania

Cansaço

E lá se vai, andando
Corpo rijo, saboreia o frio
Recorda cada caco e estilhaço
Da turva janela que arrebentou

Desvia esquinas, somem postes
E lá se vai, voando
Alma leve, debilitada
Cansada de tudo, de si

Um breve aceno, com a mão
A ninguém, a nenhum lar
E lá se vai, na correnteza
De incolores sentimentos

E sentir a falta... que falta?
Se fechar os olhos e se soltar
É o que dá, que assim seja e amém
Pois de tudo, lá se vai, para o fim.

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 Escrito no Jardim, em 03/03/2010, no completo silêncio.
 
"A mais ninguém... Cansado de tudo. De mim." 
 
P.S.: Um agradecimento à minha amiga Mariana, pela imagem.

Oren Lavie

Viajando por um blog interessante, encontrei um link meio duvidoso, mas que caía em um clipe que me inspirou por dias. Todo em stop motion, todo feito tendo como "cenário" uma cama e almofadas e travesseiros etc. E nos vídeos relacionados ainda encontrei músicas tão tranquilas quanto profundas...

De quem estou falando? De um produtor, diretor de teatro, compositor, cantor, um israelense que passou pela Academia de Música e Arte Dramática de Londres (LAMDA) e dirigiu peças encenadas em Israel, Londres (com muitas músicas de sua autoria), Nova York e Berlim, que gravou um brilhante álbum, lançado na Europa em janeiro de 2007 e nos EUA em março de 2009, com o título de The Opposite Side of the Sea.

Estou falando de Oren Lavie. O clipe a que me referi é da música Her Morning Elegance, que se tornou viral no Youtube (com mais de 10 milhões de visualizações!) e ganhou o Grammy Award de 2010 na categoria Melhor Clipe Curto.

Para conhecer as outras músicas do artista (entre as quais The Man Who Isn't There, que me influenciou bastante, e A Dream Within A Dream, baseada no poema homônimo de Edgar A. Poe), abaixo está o link para o álbum The Opposite Side of the Sea.

The Opposite Side of the Sea - Oren Lavie

E abaixo você confere o clipe Her Morning Elegance:




Fontes:

Blog Dois Espressos

Oren Lavie - Wikipedia (em inglês)

1 de março de 2010

A Tríade do Engano



O Circo

Venha ver, venha ouvir
O mais ínfimo espetáculo da Terra!
Pois nós cavalgamos e trotamos
E roçamos a lama com cascos de feltro

Temos muito, tivemos muito
Mas há ainda mais e mais
Porque ah queremos mais e mais
Até termos o que não se vende

Vendemos aqui, bem aqui
O nosso toque, nossas mãos
É um bom preço afinal
Saltarmos juntos na tempestade uma vez mais

E queremos seu toque também
Ora e por que não quereríamos?
Cada um de nós quer sua parte
Nessa troca simples e pueril

Uma tristeza, uma raiva e mil risos
Que a dor pesa na balança
Que a lágrima é inestimável
E o não-feito é feito de ouro

Pois se foi perfeito o espetáculo
Por que desejaríamos voltar?
Queremos acordar, então venha
Que o vazio aplauso já vai terminar

Escrito no Jardim, em 08/01/2010.
Ouvindo Scarborough Fair, Leaves Eyes.

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Doença

Estou doente
Pois meus braços doem
E meus olhos cegos
Não enxergam mais luz

Estou fraco
Pois diante do mundo
Diante de ungeziefer* vários
Eu me destroço abaixo de cascos
De intermináveis cavalarias

E a doença, ah quão bela!
A musa de mais outros doentes
Imortais cegos, surdos e aleijados
Pelo noir cálido e pungente
Que se assoma e multiplica

E a fraqueza, maldita
Que me apanha e dilacera
Ri, como um palhaço ostentoso
Sem brilho, sem humor

Eu caí
Tropecei nas garras agudas
Da harpia, escárnio da desgraça
E recebi o veredicto

Estou preso
Dedos livres, pés e mãos
Olhos livres, ouço e grito
Estou preso

Eu ouço
O hino das máscaras
A máscara das mil cores
A cor escarrada do rancor
E a dor amadurecida
Como o fruto do Éden
A dançar e levantar a cobiça

Estou doente
Do meu peito nasceu
Um pássaro que não voou

* ungeziefer: "inseto daninho", termo usado em A Metamorfose por Franz Kafka, para descrever o personagem Gregor Samsa.

Escrito no Jardim, em 12/01/2010.
Ouvindo Sonata ao Luar, de L. v. Beethoven.

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Última Nota

E então foi assim
Depois de ventanias e temporais
Árvores ao chão, terra e ar
Mais uma vez enfrentou ele o Fim

Ele cogitou guardar uma parte
Numa caixinha de música
Mas suas mãos agressivas
Quebraram a delicada cadência

E ele assim olhou em volta
E viu cem mil outras flores
A perder de vista, perfumes
E o desinteresse fez seu abraço

E foi assim, depois
Perdeu-se o brilho
Perdeu-se o perfume
Face a face, a criança e a traquina
O joguete a enlaçar o jogador

Agora anda, sem pai
E canta, até dança enfim
Afinal, não está livre?
Livre em sua interna colônia penal

E não tem agora ele o mundo?
Pois não pode novamente respirar
E almejar suas próprias ilusões?

Ele agora apenas observa
As cem mil multicoloridas
Por que tocá-las?
Ele agora apenas admira
Como o Jardim de suas noites
É e sempre foi metamorfose

Retorce, e malha, e esculpe
O caminho etéreo que percorreu
Pois ele é enfim o mesmo
Mas finalmente precisa apenas de si

Escrito no Jardim, em 13/01/2010.
Ouvindo Sonata ao Luar, L. v. Beethoven.

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Epílogo

E eis, que o poeta anda sozinho
Entre flores, por entre o Jardim
Apanha algumas, delicia-se com perfumes
E arranca várias

É fato, que ele largou uma
Novamente, como seu vil costume,
Na estrada, a partilhar da terra
Sem da Terra tirar sustento

E olha, que o poeta anda nu
Sereno, ele se despoja dos trajes
De quaisquer máscaras, – pétalas!
Ah que ele não precisa de pétalas!

É ódio, é dor, é dormência?
Diversão, tédio, clemência?

Repara, pois ele apanha mais outra
E a flor cresce, e a raiz cresce
Braços envoltos, sem ar
Repara! – ele ri!

Pois a flor se lhe arranca
Sangue, dor, ou mesmo tempo,
Não está a lhe sangrar o peito
Mas a lhe divertir – tanto!
Eis, que o poeta se delicia na dor!

Mas espera, que há diversão maior!
Pois quando a flor é mais bela,
E suas pétalas refulgem ao sol,
Acaba o sangue, dor e até o tempo
E aquela jactante flor – agora póstuma! –
Cai ante a estrada

Pois eis, que o poeta sempre anda
Entre flores, por entre jardins
Alimenta algumas, pisoteia várias
E sempre anda o poeta – sozinho.

Escrito no Jardim, em 14/02/2010.


Imagens por Victoria Francés.